terça-feira, 10 de novembro de 2009

Homo-Casamento


O programa eleitoral do governo de José Sócrates prevê a legalização do casamento homossexual que, segundo a promessa feita, será aprovado até ao final do ano.


É sabido que o conceito de família Judaica que deu origem à Família Cristã, está numa crise profunda, eventualmente sem retorno no conceito tal como o conhecemos.


Embora considere que o casamento entre seres do mesmo sexo ou com tendências idênticas não faz qualquer sentido, esta posição não a tenho como radical e levanta-me um problema de consciência. Sendo os homossexuais cidadãos de plenos direitos, e deveres, em todas as áreas da sua cidadania, porque razão deverá ser-lhes negado o reconhecimento legal de uma união?


Claro que a situação terá de ter contornos e definições muito concretas, nomeadamente relativamente aos filhos (adoptados ou não...), por outro lado somos levados a pensar que se trata de mais uma hipocrisia legal, pois actualmente há inúmeros casais homossexuais com filhos de anteriores uniões heterosexuais, há casais homossexuais que terão filhos adoptados por um deles... enfim, ninguém nem nenhuma instituição se opõe, mas também não reconhece. É mais uma daquelas "cinzentices" lusitanas !


Um referendo sobre o assunto também não é a decisão certa para resolver este problema. Seria uma solução de cariz errado, dado que a maioria dos partidos de esquerda (com maioria no parlamento) incluía este assunto nos seus programas... o que também, por outro lado não é um argumento muito válido, dado que as pessoas votam no programa por inteiro, podendo discordar pontualmente de alguns assuntos sem que isso seja suficientemente forte para as fazer mudar de voto.


Em termos laicos, penso que a melhor resolução legal seria um Contrato Natural de União. Nesse contrato seriam apostos todos os itens referentes ao acto. Em caso de rompimento do contrato seria a lei geral a resolver o assunto. Esta seria a prática burocrática, relativa a uma simples união de dois Seres, mas claro ... não seria a mesma coisa.


Quanto mais se discutir sobre o tema, mais complexo o mesmo se tornará, pelo que gostaria de ver uma lei simples e descomplicada ser aprovada sobre o assunto ... e, finalmente, virarmos a página, porque o país tem mais com que se preocupar. O casamento homossexual diz respeito, essencialmente, aos homossexuais... e ponto final ! Ninguém obrigará ninguém a casar com outra pessoa do mesmo sexo ...


Trata-se aqui, essencialmente, de reconhecer socialmente e sem reservas a homossexualidade. Honestamente não me choca! É algo que existe, faz parte da sociedade; são pessoas com sentimentos que querem ver as suas uniões legalizadas e reconhecidas... Acho bem !


Só quero ver o que é que esta mesma sociedade irá dizer quando pessoas quiserem legalizar uniões poligâmicas com base nos mesmos argumentos... Ah pois...

4 comentários:

  1. Isto tem sempre a ver com aquele velho problema de legislar sobre tudo, mesmo o que não tem que ser legislado. Porque carga de água terá que haver uma legalização de uma união? Um casamento, uma união de facto, uma união homossexual? Afinal não se trata tudo da mesma coisa? não se trata de duas pessoas decidirem que querem viver em conjunto, que querem partilhar a vida? Porque é que tem que haver uma lei sobre isso? Simplesmente porque na morte de um, o outro tem ou não tem direitos? isso parece-me um absurdo. Bastava que, em vida, cada um decidisse quem é que tem direito a quê...
    Se calhar é até simplista esta maneira de pensar, mas não seria mais fácil que cada um decidisse o que fazer da sua vida, dos seus bens aquando da sua morte, dos seus filhos??? E se nos deixassemos de preconceitos baratos e moralidades absurdas e seguissemos em frente, não seria mais produtivo? Já todos sabemos como isto vai acabar, vamos arrepiar caminho e passar para a próxima!!!

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  2. Está aqui um assunto em que não me sinto muito à vontade para comentar, embora sinta vontade de o fazer.
    Até aceito que dois seres do mesmo sexo se amem e queiram viver debaixo do mesmo tecto mas, tornar essa ligação igual, à face da lei, à que une um homem e uma mulher, já ponho muitas reticências.
    E, realmente, acho que o país tem coisas bem mais importantes para debater, do que esse assunto que só interessa a uma minoria.
    Como portuguesa não me agradaria nada vir a ter uma primeira dama/homem.

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  3. Não venho fazer comentários sobre este assunto delicado e que me incomoda um pouco, mas sim "reclamar" por esta semana não haver um novo artigo aqui neste simpático blog. É que estou habituada (mal habituada) a deliciar-me com o que escreves e às segundas feiras lá vou ver o que o "Só à Estalada" tem para nos dizer e esta semana, nicles. E faz-me falta ler o que tens a dizer-nos... Aqui fica a minha reclamação com a expectativa dum novo texto. Beijos.

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  4. Pois é... por vezes o tempo não abunda, e noutras vezes os assuntos não despertam interesse...
    Aceitem as desculpas deste vosso empenhado escriba!

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