segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Mais Gripe !


Vacinação arranca hoje com 54 mil doses de vacinas.


A primeira fase de vacinação contra a gripe A em Portugal arranca hoje, dia 26 de Outubro, com 54 mil doses de vacina. A meta do Governo é ter no final do ano meio milhão de portugueses imune à pandemia deste século.


Em 2010, serão imunizados os restantes dois milhões e meio previstos. Entretanto, é tempo de tirar as dúvidas sobre a vacina.


Portugal adquiriu seis milhões de doses de vacina contra a gripe A (H1N1) para a vacinação de 30 por cento da população residente, embora essa percentagem possa vir a ser maior, uma vez que a dose infantil é metade da dose de adulto.


É sabido que nenhuma vacina é, totalmente, desprovida de riscos, no entanto a questão fundamental persiste : Será mesmo necessária esta vacina ?


Não querendo incorrer no argumento fácil de mais uma "teoria de conspiração", afirmando que a "invenção" da Gripe A e do H1N1 é mais uma forma das grandes farmaceuticas ganharem dinheiro com as vacinas e remédios associados, sou levado a pensar na espiral de inoculações em que a nossa sociedade entrou, não permitindo - por um lado - que o nosso organismo crie resistências naturais, enquanto - por outro - "força" os vírus a criar mutações constantes para superarem os anticorpos, tornando-se cada vez mais complexos e resistentes.


Vivemos, cada vez mais, num mundo esterilizado, sem sal e sem côdea, num mundo onde tendemos a controlar tudo... até os vírus.


Parece-me, e há milhões de pessoas que partilham a mesma opinião, que a Gripe A não tem efeitos de maior em pessoas saudáveis... não passará de mais uma gripe com sintomas ligeiramente distintos. A gripe sazonal mata, todos os anos, milhares de pessoas, pessoas debilitadas, com doenças respiratórias, com idade avançada, etc... são, exactamente, as mesmas que serão atingidas, maioritariamente, pelo virus H1N1. Parece que a diferença entre a gripe sazonal e a A não é muito grande. No entanto, a humanidade mergulhou numa histeria colectiva de inoculação, recorrendo a uma vacina da qual ainda ninguém conhece os efeitos secundários, da qual ainda ninguém (isento) pode afirmar que tem um saldo positivo na relação "custo"/beneficio.


Há, a acrescentar, sinais preocupantes, como o facto do governo alemão e o seu exercito terem reservado uma vacina diferente da que será administrada ao resto da população, tal como o número, surpreendentemente, elevado de profissionais de saúde em todo o mundo que se recusam a tomar a vacina.


Sinceramente, considero um absurdo esta loucura colectiva de vacinar todos contra tudo... é uma batalha perdida à partida e é uma batalha que, paulatinamente, vai retirando armas ao nosso bem desenhado organismo!


Recentemente, foi divulgada uma hipotética ligação entre a vacina contra a gripe A (H1N1) e uma rara e grave doença neurológica, a síndrome de Guillain-Barré. Questionado recentemente por um jornal diário, o presidente da Associação Portuguesa dos Médicos de Saúde Pública, Mário Jorge Rêgo, admitiu que «as vacinas não estão isentas de riscos», adiantando que quase todas as vacinas e infecções podem causar essa síndrome, embora seja raro.


Estamos a ficar cada vez mais frágeis enquanto espécie natural, as nossas crianças são tratadas como doentes, mesmo que não o sejam, e é-lhes - frequantemente - negado o direito de brincar livremente na rua e com alguns brinquedos, em nome de uma saúde e higiene perfeitamente disparatadas.


Ainda temos direito de opção nesta vacina, pelo que pensemos bem antes de darmos mais um passo importante para a nossa saúde, pensemos bem e analisemos se o custo para a nossa saúde de tomarmos esta, mais uma, vacina, não é superior ao - hipotético - benefício.


Não será melhor "lutar" com um inimigo conhecido do que ter de recorrer a "armas" desconhecidas e cujas consequências ainda são, em parte, um mistério ?

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Saramago, Saramago...


Foi com algumas reticências que me decidi a comentar as últimas declarações do nosso Prémio Nobel a respeito da Bíblia, aquando do lançamento da sua última obra "Caím".


Algumas reticências porque acho que tudo isto não passa de uma vulgar manobra publicitária para arranjar mais fregueses para o livro, assim - enquanto falamos disto - estamos a ser parte activa nessa mesma manobra publicitária... No entanto, o assunto é tão badalado, que este blog não poderia deixar passar a ocasião !


Pronto, tenhamos em consideração que o Sr.Saramago já é velhote; é velhote mas não está "gágá" e sabe perfeitamente as repercussões que uma situação destas tem. É, de facto, um modo fácil, barato e expedito de atrair atenção... pega-se em algo sagrado para milhões de pessoas em todo o mundo e utiliza-se a nossa notoriedade pública, porque já ganhámos um ´"Nobelzito", para desatar a ofender toda a gente ! Garantido ! É ver os "predadores" dos media a divulgar as declarações bombásticas e toda a gente a comentar ! ... e o livrito a vender ! Ah pois, porque quem quer saber o que diz, com alguma propriedade, tem de ler para depois poder falar com conhecimento de causa ! Eu, pessoalmente, não tenciono ler e o que aqui se comenta são as observações do escritor relativamente à Bíblia e, acima de tudo, a atitude de alguém que se devia dar ao respeito; não só pela sua provecta idade, como também pela projecção que o facto de ser um premiado com um Nobel lhe dá !


A notoriedade pública acarreta uma responsabilidade acrescida, mas o Sr Saramago fez de tudo isso tábua rasa e usou essa mesma notoriedade como veículo para a ofensa fácil e despudorada.


Não se trata aqui de liberdade de expressão, como defendeu o poeta-(ex) deputado Manuel Alegre, alegando que "era só o que faltava" o Sr Saramago não poder dizer o que pensa... o que faltava - e falta - era mesmo o Sr Saramago saber comportar-se à altura da posição de destaque que tem. Não se trata de dizer o que pensa, trata-se sim - na sua essência - de saber dizer o que se pensa e saber pensar o que se diz ! Capacidade que, ao que parece, o Sr Saramago não tem.


Claro que toda a gente pode expressar o que pensa, mas sendo o Sr Saramago a afirmá-lo a coisa assume uma dimensão diferente, tal como a Maitê Proença a dizer mal de Portugal na TV não é o mesmo que um qualquer brasileiro a fazê-lo em privado.


Quer o Sr.Saramago goste ou não, a Bíblia é um livro sagrado para milhões de pessoas em todo o mundo. É uma obra metafórica, que deverá ser lida e analisada no devido contexto histórico-social. Ao ter uma abordagem literal dos textos, ao ofender de forma leviana, o Sr Saramago só se diminui porque revela não ter estatura suficiente para lidar com o assunto de forma digna e só se ridiculariza, porque não tem a capacidade de contextualização esperada de um Nobel da literatura. E nós? Nós lamentamos, e somos dados a condescender... condescendemos porque o senhor já tem uma certa idade, condescendemos porque percebemos que o senhor só quer vender mais uns livritos e condescendemos porque - felizmente - temos mais respeito pela liberdade de pensamento do Sr Saramago do que ele tem pela liberdade de pensamento dos milhões de pessoas que respeitam o sagrado, sendo ou não religiosos, sendo ou não católicos sendo ou não judeus.


É essa uma das grandes virtudes da liberdade, essa mesma liberdade que o Sr Saramago sempre apregoou como bandeira do seu discurso, a liberdade que nos responsabiliza pelo respeito pelos outros e por termos de garantir aos outros a mesma liberdade que queremos para nós.


Ele (Saramago) que tanto criticou Sousa Lara por ter censurado o seu livro "O Evangelho Segundo Jesus Cristo", com estas declarações, faz-nos pensar no que faria ele se tivesse poder politico e decisório !!! Ainda bem que o senhor só escreve !

domingo, 18 de outubro de 2009

MAL AGRADECIDO



No rescaldo do ciclo eleitoral que passou há algo que me incomoda e que é revelador da preversão sistémica em que o nosso sistema político entrou.


Depois das eleições, os candidatos e suas equipas sobem às tribunas para gritar victoria e para agradecer !!! Mas agradecem o quê ?


Agradecem tão exuberantemente que até desconfiamos que, com tanto agradecimento, o que envolve tais victorias não pode ser só mais quatro anos de trabalho árduo em prol do desenvolvimento do concelho.


Afinal porque estão eles tão contentes ? Será por terem mais quatro anos de reuniões de Camara e de Assembleias Municipais ? Mais quatro anos de trabalho extenuante e privação de convivio familiar ? Mais quatro anos a pedinchar verbas ao governo, a discutir orçamentos e a ser chamado de aldrabão? Mais quatro anos de complicadas engenharias para ver onde é que se pode aumentar o nivel de endividamento do municipio ? Cada maluco, sua mania, mas - sinceramente - considero demasiada alegria para tanto sofrimento.


Estou ciente de que não somos um povo frio como os suiços e, é claro, que toda a dinâmica de uma campanha, a existência de adversários, a mobilização dos apoiantes e toda a envolvência politico-eleitoral, desperta em todos um saudável espirito de competição que leva a que - feitas as contas - se grite victoria a plenos pulmões e se reconheçam derrotas ... mas agradecer ?


É que agradecer aos eleitores, é agradecer um presente, a excitação é tanta que - em certos casos - só falta esfregar as mãozinhas de tanta impaciência !! Se agradecem, em sinal de educação, só deviam agradecer pelo voto de confiança e reconhecimento dado pelos eleitores, deveriam agradecer o seu apoio para mais um longo e penoso mandato de sacrificios em nome do povo que os elegeu... agora... agradecer pelas victorias ... senhores políticos, "cheira a esturro" e não fica bem !


É aqui. precisamente, que toda a lógica se inverte; Um candidato (e sua equipa) dever-se-ía candidatar com um espirito de serviço e de missão, dever-se-ia candidatar sem mais nenhuma intenção se não a de promover o desenvolvimento da sua autarquia ... mas isso é só trabalho e muito ! Nem sequer é um trabalho expedito... as verbas são escassas, os orçamentos discutidos, as obras são demoradas, o tribunal de contas é pormenorizado, os fundos europeus são dificeis... depois ainda há os organismos nacionais que "metem o nariz" em tudo, a oposição que "inventa histórias", a Dª Ermengarda que se queixa do buraco no passeio quando o eleito está a tomar café com a familia ao domingo... as inaugurações, as demolições as reuniões e as recepções !!!


Agradecer ?


Saberemos reconhecer um candidato sério, ciente da sua missão e dedicado ao seu dever, quando no discurso de victoria for humilde para só agradecer o apoio e se for deitar cedo porque no dia seguinte tem um longo dia de trabalho à sua espera ! Conhece algum ?

terça-feira, 13 de outubro de 2009

BARROTE NELES !


Fomos hoje surpreendidos por um video que circula na net ( http://www.youtube.com/watch?v=QnrVZkKOOt0 ) de um excerto de um programa da Rede Globo (GNT) entitulado Saia Justa onde podemos ver uma "reportagem" da actriz Maitê Proença a comentar uma visita a Portugal !


O conteúdo é, obviamente, ofensivo, boçal e despropositado mas diz tudo não só da senhora Maitê como também das suas amiguinhas em estudio no Brasil. Mas também diz tudo da (ir)responsabilidade editorial da Rede Globo, a TV a quem Portugal compra telenovelas a metro.


Tudo isto não passaria de mais um insignificante fait divers que não mereceria qualquer comentário se não fosse feito por uma actriz de renome internacional à procura de protagonismo barato e posto no ar por um canal da rede Globo. Mas não me parece ser este o verdadeiro assunto, o verdadeiro assunto é a tal senhora, as suas colegas e a estação de televisão acharem que isto pode ser feito sem que haja qualquer problema ...


É óbvio que a senhora é ignorante, palerma e mal-educada, é claro que as suas coleguinhas são tão apalermadas como ela e é certo que a TV Globo é profundamente irresponsável; o que já não é nem óbvio, nem claro, nem certo é isto poder ser feito sem consequências.


Sinceramente, não sei qual a razão de uma anormalidade destas só vir a lume dois anos depois da sua emissão, dois anos depois dessa senhora andar a ser publicitada em peças de teatro, em livrarias, etc... o que sei é que se, mais uma vez, os nossos brandos costumes nos levarem a não reagir e não nos indignarmos porque "Ah ... nem vale a pena ligar..." ou " é de uma tal falta de nível que nem comentamos..." damos razão a tudo o dizem de nós.


Chega de sermos pretenciosamente cheios de nível e superiores e ir deixando que nos pisem e nos maltratem. Paremos de ignorar quem de nós goza e ridiculariza e ripostemos fortemente com legitima indignação. Não contra o povo brasileiro, óbviamente, mas contra qualquer um (brasileiro, inglês, chinês...) que tenha o pejo de dizer mal de nós !


Espero que esta sim, seja uma notícia despropositadamente ampolada pelos media e que se crie uma onda de indignação nacional para que toda a gente se comece a aperceber que não se pode ir dizendo o que se quer de nós e ficar tudo na mesma ! Sim... não se trata da comum Juráci, empregada de limpeza do predio do lado, que disse isto. Foi uma actriz conhecida, de renome, com caracteristicas de opinion maker, trata-se de um programa leviano que se permite a estas liberdades e trata-se de uma estação de televisão irresponsável sem o mínimo sentido de respeito. Trata-se de um grupo de gentinha que tem de ser posta no seu devido lugar !


Sempre fomos os bonzinhos que tratamos toda a gente bem. Acredito em acolher bem quem nos respeita e quem cá está, ou cá vem, com bons intuitos... mas sou igualmente a favor de sermos implacáveis para com quem nos prejudica, seja em que medida for !


Como se dizia na minha juventude: "Barrote neles !" e interpretem o barrote como quiserem !


PS : A propósito do video; na parte passada em frente ao Mosteiro dos Jerónimos, os "pinheirinhos" ali em frente não são "pinheirinhos", são ciprestes (Cupressus Semprevires) ! E já agora alguém me sabe dizer o que é que a senhora está a cuspir para a água do fontanário ?

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Mais um ciclo que começa.


Agora, contados que estão os votos das eleições autárquicas, constatam-se 52 alterações partidárias na gestão autárquica ao nível das Câmaras Municipais, tendo sido reduzida de 49 para 7 a diferença do número de Municípios liderados pelos 2 maiores partidos, PS e PSD. O PS foi o grande vencedor deste ciclo eleitoral… porque nas eleições europeias, tendo ficado em 2º lugar, a diferença de votos não é, de facto, substantiva, designadamente, se pensarmos na motivação dos eleitores e na taxa de abstenção… No que às autarquicas diz respeito, volta a ganhar o PS com mais 20 Câmaras eleitas e o maior número de votos… Quem perdeu foi, mesmo, o PSD que, apesar da vitória das europeias, teve uma fraca votação nacional nas legislativas e perde 19 Câmaras Municipais.


É este resumo/análise matemática, crua e dura que se pode fazer deste ciclo eleitoral e no bailado dos comentários e dos comentadores e analistas políticos verificamos que o enfoque partidário continua a ser forte.


Se por um lado podemos afirmar com convicção que (com excepção das grandes Camaras Municipais) os votos são dados aos candidatos, explicando os resultados como os de Macário Correia em Faro, tendo o PSD perdido Tavira e o de Isaltino Morais que, sem apoio partidário e a braços com a justiça, arranca uma folgada victória em Oeiras; por outro lado assiste-se à derrota devastadora de Fátima Felgueiras que, sem a máquina partidária atrás de si, perde descaradamente as eleições.


Desde que foi tornada possível a eleição de candidatos independentes, pensou-se que - dado o carácter de proximidade entre eleitos e eleitores - as candidaturas independentes iriam proliferar nas autarquias mas, incrivelmente, nada disso se passou. Assistiu-se mesmo, a um ténue número de canditaturas independentes e, salvo raras e explicáveis excepções, os resultados de candidaturas independentes têm uma expressão residual no panorama autárquico nacional.


Assim, a conclusão que se pode retirar é que, apesar de nas autarquias e freguesias a proximidade e conhecimento (muitas vezes pessoal) dos candidatos ser decisiva na decisão de voto dos eleitores, baseando - tantas vezes - essa mesma decisão mais em factores de carácter do que de competência ou de conteúdo programático... apesar disto, o cunho partidário continua a ter uma importância decisiva na política autarquica. E tem-no por várias razões: Pela máquina de propaganda que disponibiliza aos candidatos, pelo efeito galvanizador que a "marca" dos partidos desenvolve, como também pelo efeito de pertença nacional que faz com que a victoria de um cadidato da freguesia mais recondita do país, seja mais uma victoria do partido a que pertence contribuindo, deste modo, para a estatística nacional.


Quando os líderes partidarios sobem ao palanque para efectuar os seus discursos de análise dos resultados, todos sabem que a victoria ou derrota está muito ligada à individualidade de cada autarca, mas sabem também que a máquina partidária, e aquilo que isso representa, continua a ter uma importância decisiva na escolha do voto.


Continuamos a ter um sistema político partidarizado, apesar de vazio de ideais diferenciadores; continuamos a olhar mais para os partidos como um valor absoluto, esquecendo-nos daquilo que representam; continuamos a reparar mais nas cores do que nos conteúdos ...


Se assim é, aceitemos que somos assim e lidemos com isso! Acabado mais um ciclo eleitoral é neste panorama que teremos de viver por mais uns anos... unamo-nos, cerremos fileiras e atiremo-nos ao futuro com unhas e dentes, porque - ao contrário da selecção nacional de futebol em fase de apuramento para o mundial - SÓ DEPENDEMOS DE NÓS ... por isso, venham eles !

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Sempre Nós !


Nas últimas semanas temos assistido aos relatos de sismos e maremotos em vários países asiáticos, assim como temos visto o rasto de destruição e drama provocados por estas catástrofes naturais.


Se bem que a Indonésia e países quejandos sejam particularmente propensos a fenómenos desta natureza, e por incrivel que possa parecer, a possibilidade de uma ocorrência com esta magnitude cá em Portugal é enorme.


Mas e o que fazemos nós ? Por muito insólito que tudo isto possa parecer ... não fazemos rigorosamente NADA ! Ficamos estupidificados (como é hábito) a olhar para as notícias e descansamos na ilusória poltrona da distância, suspirando por estarmos a ver imagens do outro lado do mundo... mas o mundo é só um ... e é redondo... e tem falhas tectónicas e uma delas (daquelas bem grandes) passa mesmo aqui por baixo !!!


À semelhança de tudo o resto, como as inundações, os incêndios florestais, os atentados, etc... nunca nos preparamos para nada ! E as coisas vão acontecendo. À excepção dos atentados que, desde a extinção das FP25 não dão um ar da sua graça, tudo o resto tem acontecido, todos os anos... e todos os anos sofremos desastres imensos sem que nos preparemos para o ano seguinte... para que minimizemos o estrago ou, mesmo, o evitemos.


Mas com os sismos não são só uns "pinheiritos" a arder, nem uns "carritos" submersos em garagens de prédios... não! com os sismos "é a doer" e um dia quando acontecer (sim... porque vai acontecer!) vai ser uma desgraça, vamos andar todos como "baratas tontas" nas empresas, nas escolas, nas organizações, nas ruas, nas cidades, nas estradas ... vamos espezinhar-nos uns aos outros porque não saberemos o que fazer, assistiremos a violência indescriminada e a pilhagens descontroladas porque as forças de segurança não saberão o que fazer nem estarão treinadas para nada, far-se-ão planos de emergência em cima do joelho porque certamente não tivemos tempo antes, perderemos familiares e amigos só porque nada está organizado ou preparado, demoraremos décadas a recuperar de tudo, enterrando ainda mais a nossa decrépita situação e por fim... por fim evocaremos o mais puro sentimento lusitano e amaldiçoaremos todos os responsáveis e esquecer-nos-emos que fomos nós que os elegemos, fomos nós que nos abstivemos e fomos nós que, também, não quisemos saber !


Mais uma vez, não são ELES (os incompetentes) governantes, não são ELES (os inoperantes) da Protecção Civil, não são ELES (os lascivos) da policia ou do exército os RESPONSÁVEIS. Não é a ELES (aos malaios) ou a ELES (os indonésios) ou aos OUTROS (os japoneses) a quem só isto acontece !


É a NÓS !


Somos NÓS que nos devemos preocupar com tudo isto, com os planos de emergência nas escolas, nas empresas e nas famílias, somos NÓS que através da nossa organização civil devemos demonstrar que falta as entidades oficiais proceder em conformidade para "fechar o círculo", somos NÓS que devemos demonstrar cuidado e preocupação para que os responsáveis políticos sejam forçados a organizar os planos de contigência nacional.


Somos sempre NÓS, porque um dia quando acontecer, seremos NÓS que assistiremos à destruição; seremos NÓS que perderemos para sempre pais, filhos, familiares e amigos; seremos NÓS que ficaremos sem emprego e sem subsistência; seremos NÓS que teremos de viver num país devastado e dependente das ajudas internacionais... seremos NÓS ! Somos SEMPRE NÓS !


sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Portuguesices!


Hoje recebi um email de uma empresa de renome que anunciava a implementação da sua nova plantaforma (???) informática.


Irra, que já aborrece ! É raro o dia em que não nos cruzamos com uma daquelas "calinadas" de Português que até faz com que paremos e voltemos para trás para nos certificarmos de que é mesmo real !!! É deplorável e triste a forma como tratamos a nossa querida e rica língua; é tão triste quanto frequente, e o problema torna-se exponêncialmente mais grave quanto o facto de cada vez repararmos menos ... é sabido e aceite que a frequência dos acontecimentos diminui o seu interesse e relevância, mas com erros de linguagem isso - simplesmente - não se aplica !


Não é por toda a gente dizer asneiras que a asneira deixa de o ser.


Aceitemos que o Português é uma língua viva e dinâmica, mas esse facto não valida a bacorada do Sr Ministro que diz que a sua equipa está "melhor preparada" para os desafios, quando deveria era estar MAIS BEM preparada para aquilo que diz em público ! Não valida a mamã que pergunta ao filho : "Gostastes" do almoço da mamã ? Quando deveria era perceber porque é que a sua mamã (avó do menino, e aluna no tempo em que, de facto, se ensinava nas escolas ...) lhe perguntava ao fim de cada dia : Então, gostaste das aulas ?.


Para além de tudo o mais e de todos os problemas profundos do ensino nacional, a falta de cuidado que é posta em tudo o que é escrito e em como se fala, é gritante ! Porque o Português não é só MAIS UMA disciplina, Português é a base de tudo o resto... ninguém pode ser bom aluno a matemática se não conseguir perceber o que lhe é perguntado ou requerido num determinado problema, ninguém pode ser um bom engenheiro se (em exagero) lhe pedem uma ponte e ele faz um aqueduto !!


Os adeptos do funcionalismo linguistico dirão que não interessa como se diz, desde que se diga o que se quer e nos façamos entender... lamento, mas discordo profundamente!


Discordo porque acredito que a lingua é muito mais do que um meio de comunicação, a lingua é a pedra basilar de uma identidade cultural, discordo porque acredito que a riqueza linguistica de um determinado idioma contribui, em muito, para o desenvolvimento da inteligência emocional de quem o usa.


Uma língua sem nuances e significados não é uma lingua, são números ... frios, exactos e precisos... universalmente iguais ! E não é isso que se quer de uma língua, por isso não é - de todo - indiferente a forma como se fala ou como se escreve ! É relevante, é importante e é determinante para que possamos dizer exactamente o que se quer e, acima de tudo, como se quer !


Para além do mais, é patética a forma como pessoas com responsabilidades a nível nacional dizem as maiores alarvidades gramaticais e semânticas sem o menor pingo de preocupação ou de vergonha. É preocupante perceber que a figura de EXEMPLO é algo que não os preocupa.


Mas, também, bem vistas as coisas, porque é que tal facto constituiria preocupação a quem está mais precupado em que os alunos passem de ano em vez de, de facto, aprenderem !
Como diria a Sra Ministra da Educação numa entrevista à SIC:
"(...) Quando os resultados são, por si, maus e houveram (???) fragilidades nos conhecimentos e nas competências, aí está a prova de que o país está mal (...)" .
Ai "houveram", Sra Ministra? Está mal está ! Está muuuuito mal !


quinta-feira, 1 de outubro de 2009

TANGO ... Patrimonio Mundial ! Fado Português !


O Tango passou ontem a ser Património Imaterial da Humanidade. A decisão da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), tomada durante uma convenção em Abu Dhabi, garante a protecção deste tipo de música e dança da zona do Rio da Prata, na América Latina.


Como resultado de uma candidatura conjunta da Argentina e do Uruguai, a UNESCO premiou este género músical e de dança, ambos os países já apresentaram projectos com investimentos na ordem de 1.000.000,00 USD.


Parabéns à Argentina e Uruguai !


Parece que Portugal anda a preparar uma candidatura semelhante para o Fado... o que é bom ! Mas, mais uma vez, estamos a preparar ...


O Fado para além de ser uma forma músical única, assume-se fortemente como expoente da entidade cultural lusitana que, ao contrário do Tango, não é facilmente assimilado por outras culturas. Não só porque assenta, em muito, na riqueza poética das letras (não falando do "fado vadio"...), como também porque reflecte uma forma única de olhar para a vida, para o quotidiano e de reagir a ambos.


Cada cultura é una e singular, mas a nossa é especial. Esta forma fatalista de ser sem caírmos na desgraça carpideira, esta saudade eterna sem que nos suicidemos em massa, esta dor permanente que nos mata por dentro e nos corrói mas que nunca nos mata ! Isto nunca há-de ser percebido por ninguém no mundo !


A UNESCO poderá "galardoar" o Fado e elevá-lo a Patrimonio Imaterial da Humanidade (esperemos que sim ... um dia !) mas nunca ninguém perceberá o que aquilo é ... ouvirão a música e descortinarão as influências árabes da melodia, perceberão que é triste, aperceber-se-ão da sua força, admirarão a mestria dos instrumentistas a dedilhar a guitarra portuguesa ... mas nunca lhe sentirão a alma.


Por muito orgulho que possamos sentir de tudo isto... asseguro-vos que tal não é coisa boa. Não é coisa boa porque estas caracteristicas de "blindagem cultural" prejudicam a expansão e divulgação da nossa cultura e, consequentemente, a nossa esfera de influência na cena internacional.


Por outro lado, uma eventual candidatura do Fado à UNESCO, infelizmente, não disfarçaria o nosso complexo de inferioridade cultural, o mesmo complexo que nos impede de forçar (sim forçar) a nossa cultura nos sistemas de ensino dos PALOP, o mesmo complexo que permite que França, Africa do Sul, Australia, tenham Centros Culturais avançadissimos e bem equipados em países de Lingua Oficial Portuguesa onde os nossos Centros Cultrurais, mais parecem ginásios (de tão vazios...) e onde mal se consegue encontrar uma edição do semanário Expresso da semana anterior. O mesmo complexo que nos impede de aprender com os nossos vizinhos espanhóis a forma brilhante como divulgam a sua lingua, literatura e cultura pelo mundo fora através do Instituto Cervantes.


É esse complexo, esse fado (??) que nos encolhe e nos diminui sem razão nenhuma !


Agora, com o despontar de novas abordagens ao fado como Marisa, Mafalda Arnauth, projectos como Amália Hoje, etc... pode ser que agora o orgulho renasça e percamos, definitivamente, a vergonha de ser quem somos e como somos... porque não somos menos que os outros !


Sem rosa na boca mas de xaile às costas, somos nós ... orgulhosamente! Sem complexos.