quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Crianças ... esses déspotas !


Tendo dois filhos, não é dificil nem pouco frequente dar comigo a pensar em crianças; pensa-se ainda mais quando todos os amigos, irmãs e cunhadas têm filhos da mesma idade.


Numa recente conversa com um amigo, realizei quão diferentes são as crianças de hoje, com um acesso ilimitado à informação, têm o privilégio de ter todos os instrumentos do saber e do conhecimento ali... à mão de semear.


Nos países ocidentais, as crianças e adolescentes têm (em termos teóricos) um nível de vida incomparavelmente melhor do que há uns anos atrás ! No entanto tornaram-se uns ditadores !


No período de vida relativo à infancia e pré-adolescência, longe da relativização da maturidade, é muito fácil ser profundamente maniqueísta.


Tudo parece ser certo ou errado; branco ou preto. Crescer envolve perceber que existe uma grande "variedade de cinzas entre o branco e o preto".Mas os pequenos ditadores não percebem isso, e o que é pior, tem uma concepção distorcida do mundo como um grande mercado onde as pratelereiras estão repletas de opções para si mesmos, imaginando-se o centro e o motivo da existência da humanidade, que parece - sempre - dever algo aos pequenos reis.


O resultado é profundamente assustador. Não tenho uma interpretação ingénua e romântica de um modelo antigo de família, e penso que - apesar de considerar o modelo familiar tradicional o mais equilibrado - não o considero como o único capaz de servir de base cabal para o desenvolvimento integral das crianças. No entanto, parece que os pais, tios, avós e demais familiares na ânsia de querer dar voz às criancinhas, como que "vingando-se de infancias reprimidas, vividas sob o jugo de adultos repressores" esforçam-se para oferecer uma nova forma de estabelecer relações. Acrescentando o facto de que, incapazes de cultivar relações afectivas capazes e sustentadas, os adultos tentam compensar essa lacuna através do verbo DAR.


Mas parece que o tiro saiu pela culatra. Habituados a receber sem fim, dotados de uma visão simplista de mundo dividido entre Bem vs Mal, imbuídos da concepção de que o mundo é feito para eles, as crianças tornam-se ditadores frios e crueis. Convencidos de uma ideia perversa de que foram ludibriados e de que os adultos estão sempre em débito e em falta para com eles, os jovens ditadores crêem que nada devem a ninguém: são sempre aqueles que recebem. O pequeno ditador não parece capaz de ver o que recebeu, porque está muito ocupado cultivando as suas exigências ininterruptas e egocêntricas.


Mas as crianças são - tão só - aquilo que nós (familias e sociedade) fazemos delas.


Todos sabemos que é mais fácil "deixar andar" do que educar, todos sabemos que é mais fácil deixar andar de chucha até aos 7 anos do que "aturar" birras que nos roubam horas preciosas de sono; é mais facil deixa-los adormecer no sofá a qualquer hora do que ter de convencê-los, noite após noite, de que deverão ir para a cama às 9h30; é mais fácil não nos chatearmos com o seu comportamento do que estar permanentemente a educá-los e a ensinar como as coisas funcionam em sociedade; pois é... é sempre mais fácil não fazer do que fazer !


Há umas semanas via, comovido, uma reportagem sobre crianças "institucionalizadas", daquelas que - já com mais de 10 anos - ninguém quer (ou pode) adoptar... e óbviamente observei que o que essas crianças mais queriam era amor, atenção e carinho ! Não vi nenhuma afirmar que queria calças XPTO ou playstations... Carinho e atenção!


Educar é isso mesmo, e as crianças não pediram para nascer, cabe-nos a nós educá-las, sem repressão mas dando-lhes limites; sem incutir medo, mas dando-lhes a noção de respeito; sem as subjugar, mas ensinando-lhes disciplina... tudo isto é amor e deverá ser feito com extremo carinho e dedicação, pois são estas as armas que terão no futuro !


Temo pela sociedade que virá, com esses pequenos déspotas egoístas.


Se não combatermos esse egocêntrismo perverso e dictatorial das crianças de hoje, no futuro, só nos restará limpar o traseiro desses jovens imperadores sem autonomia que - fruto da sua (falta de) educação - não serão mais do que um empecilho social... sem objectivos nem força de progresso ! Recuso-me a condenar os meus filhos a esse cenário !

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Europa amiga !



O Banco Central Europeu (BCE) decidiu não mexer na sua taxa de juro de referência, tal como era esperado, mantendo-a em mínimos históricos pelo sétimo mês consecutivo.


A taxa de juro de referência do BCE encontra-se em 1% desde o passado dia sete de Maio, o que corresponde ao valor mais baixo de sempre.O mercado não esperava qualquer alteração no preço do dinheiro na zona euro, estimando os peritos que o BCE só deve subir os juros no quarto trimestre de 2010.


Na conferência de imprensa que se seguiu à reunião, o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, reiterou que a "recuperação está a continuar a melhorar", embora ainda exista um "elevado nível de incerteza".
Trichet notou que muitos factores que suportam a recuperação são "temporários", devendo a economia crescer "a um ritmo moderado em 2010" e a um ritmo "irregular".


Mais uma vez, o Sr Trichet adopta uma postura conservadora face ao valor do dinheiro numa europa a braços com a competitividade internacional, onde tem de competir com economias mais "desempoeiradas" como a Norte-mericana e a Japonesa, ambas com taxas de juro de referência muito perto do 0%.


Sem bem que taxas tão baixas enviam sinais "obtusos" aos actores económicos, o que é certo é que a Europa compete a nível internacional com países cujo dinheiro é muito mais barato. Ficamos, inevitavelmente, a pensar - mais uma vez - no que é que o Sr Trichet está a pensar... será que não baixa a taxa de referência para poder "vender mais caro" os pacotes de apoio à liquidez dos sistemas financeiros europeus ? Será que pretende manter uma certa estabilidade e não deixar derrapar a inflação? São muitas e variadas as respotas possíveis; o certo é que Portugal... aqui no nosso canto, mais uma vez anda a reboque de tudo isto. Somos vitimas da crise, e temos um ritmos de recuperação muito mais lento que o resto da europa, pelo que o fim previsto das medidas de apoio vai, mais uma vez, apanhar-nos em contra-ciclo.


O governo de José Socrates negou ir aumentar os impostos, apesar das afirmações do governador do Banco de Portugal, o certo é que um governo incapaz de controlar a despesa, vê nos impostos uma fonte facil de receitas. Mas um eventual aumento de impostos só iria agravar a, já débil, situação financeira do tecido empresarial nacional e das próprias familias. Por outro lado, não aumentando os impostos e sem que a produtividade e competitividade do país aumente, dificilmente o Estado terá recursos para facer face às suas obrigações sociais, às quais se acrescentam todos os "pacotes anti-crise"... para continuar em frente terá, inevitavelmente, de aumentar o deficit... e esse é pago ao preço do Sr.Trichet.


Parece um beco sem saída... talvez o seja, e o tratado de Lisboa se, por um lado, veio fortalecer o conceito Europa, por outro dá um passo significativo no atenuar das autonomias de decisão nacionais dos países membros.


A uníca saída é uma resposta nacional vigorosa da nossa sociedade em termos de produtividade e de mentalidade, pela inovação e pela descoberta de novos mercados. Infelizmente não me parece que estejamos muito inclinados para aí... espero - honestamente - enganar-me redondamente !

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Professores


Novo governo, vida nova!


Mais uma vez, cá estamos nós a assistir a um novo debate sobre a avaliação dos professores. Num novo modelo, num novo conceito, com outras caras e outro tom.


Sou claramente favoravel a uma avaliação rigorosa do desempenho dos professores. Mas considero essencial que a mesma seja, em primeiro lugar, externa e, em segundo lugar, tem de ter em conta, essencialmente, o trabalho na sala de aula e a avaliação e o sucesso dos alunos, não confundindo sucesso com as notas dadas pelos professores.


Com efeito, devia caber ao inspector/avaliador externo assistir a aulas, analisar as planificações, os testes e os resultados dos testes e aferir da adequação das aulas, das estratégias e da avaliação levada a cabo pelo professor relativamente às turmas e aos alunos em concreto.


A avaliação externa assume uma importância vital por duas razões: por um lado é a única forma de credibilizar a própria avaliação, impedindo que rivalidades, inimizades e desconfianças, inerentes a toda a relação de proximidade entre os professore, interfiram no processo; por outro lado, para que os professores não se dispersem ainda mais em burocracias, afastando-os da sua verdadeira função que é ensinar.


Com um sistema externo, o governo criaria um organismo de avaliação com inspectores destacados para o efeito e com reconhecida competência.Só que aquilo que o Governo parece pretender é apenas poupar dinheiro e domesticar os professores. O resto é conversa para enganar tolos.


Além de tudo o mais, o sistema de ensino sofre de "doenças" muito mais graves e que necessitam de intervenção muito mais urgente, como é o baixissimo grau de exigência dos curricula escolares, a falta de autoridade dos professores, a ausência de soberania disciplinar das escolas... enfim, a "pobreza" generalizada a que sistemática e paulatinamente os sucessivos governos têm votado o sistema de ensino. Para o tornar mais abrangente, fê-lo permissivo; para o tornar mais bem sucedido, fê-lo negligente; para o tornar mais democrático, desautorizou-o !

Os resultados estão à vista e não é por - estatisticamente - termos mais uns milhares com o 12º ano (novas oportunidades...?) com base em curricula de um gritante vazio de conteudos, não é por darmos computadores magalhães que ficam para sempre guardados em casa das crianças para servir de "plataforma de jogos", quanto muito ... que estamos mais escolarizados ou alfabetizados.


É bom que o novo sistema de avaliação de professores que saia da nova assembleia, seja um que premeie a competência e o rigor lectivo; seja um que promova a exigência, o rigor e o trabalho e que leve as escolas e os professores a fazerem - DE FACTO - aquilo que estão lá para fazer : Ensinar e formar pessoas para a vida !

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Homo-Casamento


O programa eleitoral do governo de José Sócrates prevê a legalização do casamento homossexual que, segundo a promessa feita, será aprovado até ao final do ano.


É sabido que o conceito de família Judaica que deu origem à Família Cristã, está numa crise profunda, eventualmente sem retorno no conceito tal como o conhecemos.


Embora considere que o casamento entre seres do mesmo sexo ou com tendências idênticas não faz qualquer sentido, esta posição não a tenho como radical e levanta-me um problema de consciência. Sendo os homossexuais cidadãos de plenos direitos, e deveres, em todas as áreas da sua cidadania, porque razão deverá ser-lhes negado o reconhecimento legal de uma união?


Claro que a situação terá de ter contornos e definições muito concretas, nomeadamente relativamente aos filhos (adoptados ou não...), por outro lado somos levados a pensar que se trata de mais uma hipocrisia legal, pois actualmente há inúmeros casais homossexuais com filhos de anteriores uniões heterosexuais, há casais homossexuais que terão filhos adoptados por um deles... enfim, ninguém nem nenhuma instituição se opõe, mas também não reconhece. É mais uma daquelas "cinzentices" lusitanas !


Um referendo sobre o assunto também não é a decisão certa para resolver este problema. Seria uma solução de cariz errado, dado que a maioria dos partidos de esquerda (com maioria no parlamento) incluía este assunto nos seus programas... o que também, por outro lado não é um argumento muito válido, dado que as pessoas votam no programa por inteiro, podendo discordar pontualmente de alguns assuntos sem que isso seja suficientemente forte para as fazer mudar de voto.


Em termos laicos, penso que a melhor resolução legal seria um Contrato Natural de União. Nesse contrato seriam apostos todos os itens referentes ao acto. Em caso de rompimento do contrato seria a lei geral a resolver o assunto. Esta seria a prática burocrática, relativa a uma simples união de dois Seres, mas claro ... não seria a mesma coisa.


Quanto mais se discutir sobre o tema, mais complexo o mesmo se tornará, pelo que gostaria de ver uma lei simples e descomplicada ser aprovada sobre o assunto ... e, finalmente, virarmos a página, porque o país tem mais com que se preocupar. O casamento homossexual diz respeito, essencialmente, aos homossexuais... e ponto final ! Ninguém obrigará ninguém a casar com outra pessoa do mesmo sexo ...


Trata-se aqui, essencialmente, de reconhecer socialmente e sem reservas a homossexualidade. Honestamente não me choca! É algo que existe, faz parte da sociedade; são pessoas com sentimentos que querem ver as suas uniões legalizadas e reconhecidas... Acho bem !


Só quero ver o que é que esta mesma sociedade irá dizer quando pessoas quiserem legalizar uniões poligâmicas com base nos mesmos argumentos... Ah pois...

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O Lobo desapareceu...



É com enorme pesar e sentido de perda que este blog informa que morreu, neste sábado (31.10.2009) o radialista António Sérgio, vítima de problemas cardíacos.


Ficou conhecido com programas como «Som da Frente», «Lança-Chamas» ou «A Hora do Lobo».


Com 59 anos António Sérgio fazia actualmente o programa «Viriato 25» na Rádio Radar. O «mestre da rádio», como lhe chamou Luís Montez, dono da Radar, começou na Rádio renascença em 1968 e esteve mais de 40 anos em antena.A voz mítica de António Sérgio foi a protagonista de programas como «Som da Frente», «Lança-Chamas» ou «A Hora do Lobo» mas ao trabalho da rádio juntou também um percurso de produtor e editor discográfico.António Sérgio é unanimemente reconhecido como "o maior divulgador da música da frente" dos anos 70 e 80 em Portugal, através de programas que marcaram gerações e abriram o país à música mais vanguardista então produzida.


Um marco incontornável para quem gosta de musica alternativa, António Sergio foi um dos principais responsáveis pela (boa) formação musical de milhares de pessoas que, como eu, paravam tudo para ouvir o "Som da Frente" e, mais tarde, a "Hora do Lobo".


Dono de uma voz poderosa e inimitável, António Sergio teve uma brilhante carreira de 40 anos na rádio, meio onde nem sempre lhe deram o devido valor, tendo sido "cilindrado" pela cultura das Playlists nas rádios nacionais, mas - como verdadeiro LOBO - sempre se manteve fiel aos seus principios divulgadores de musica de qualidade tendo terminado a sua vida na Radio Radar com o programa "Viriato 25"...


Sou, sempre fui, um fã de António Sérgio e sempre lamentei o facto de vivermos num país que não sabe dar o devido valor a pessoas excepcionais como ele...


Formou, quanto mais não fosse pela sua influência, muitos dos melhores radialistas portugueses da actualidade e afirmou-se como um ícone da musica independente e dos programas de autor na rádio portuguesa, à semelhança de John Peel da BBC, António Sergio foi maior ... mais inteligente e com uma voz mais marcante... só não viveu em Inglaterra e nem tranalhou na BBC.


Bem hajas António Sergio, obrigado por todas as magníficas horas de música e formação musical que nos deste e que continues a animar as pradarias de onde quer que estejas !

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Mais Gripe !


Vacinação arranca hoje com 54 mil doses de vacinas.


A primeira fase de vacinação contra a gripe A em Portugal arranca hoje, dia 26 de Outubro, com 54 mil doses de vacina. A meta do Governo é ter no final do ano meio milhão de portugueses imune à pandemia deste século.


Em 2010, serão imunizados os restantes dois milhões e meio previstos. Entretanto, é tempo de tirar as dúvidas sobre a vacina.


Portugal adquiriu seis milhões de doses de vacina contra a gripe A (H1N1) para a vacinação de 30 por cento da população residente, embora essa percentagem possa vir a ser maior, uma vez que a dose infantil é metade da dose de adulto.


É sabido que nenhuma vacina é, totalmente, desprovida de riscos, no entanto a questão fundamental persiste : Será mesmo necessária esta vacina ?


Não querendo incorrer no argumento fácil de mais uma "teoria de conspiração", afirmando que a "invenção" da Gripe A e do H1N1 é mais uma forma das grandes farmaceuticas ganharem dinheiro com as vacinas e remédios associados, sou levado a pensar na espiral de inoculações em que a nossa sociedade entrou, não permitindo - por um lado - que o nosso organismo crie resistências naturais, enquanto - por outro - "força" os vírus a criar mutações constantes para superarem os anticorpos, tornando-se cada vez mais complexos e resistentes.


Vivemos, cada vez mais, num mundo esterilizado, sem sal e sem côdea, num mundo onde tendemos a controlar tudo... até os vírus.


Parece-me, e há milhões de pessoas que partilham a mesma opinião, que a Gripe A não tem efeitos de maior em pessoas saudáveis... não passará de mais uma gripe com sintomas ligeiramente distintos. A gripe sazonal mata, todos os anos, milhares de pessoas, pessoas debilitadas, com doenças respiratórias, com idade avançada, etc... são, exactamente, as mesmas que serão atingidas, maioritariamente, pelo virus H1N1. Parece que a diferença entre a gripe sazonal e a A não é muito grande. No entanto, a humanidade mergulhou numa histeria colectiva de inoculação, recorrendo a uma vacina da qual ainda ninguém conhece os efeitos secundários, da qual ainda ninguém (isento) pode afirmar que tem um saldo positivo na relação "custo"/beneficio.


Há, a acrescentar, sinais preocupantes, como o facto do governo alemão e o seu exercito terem reservado uma vacina diferente da que será administrada ao resto da população, tal como o número, surpreendentemente, elevado de profissionais de saúde em todo o mundo que se recusam a tomar a vacina.


Sinceramente, considero um absurdo esta loucura colectiva de vacinar todos contra tudo... é uma batalha perdida à partida e é uma batalha que, paulatinamente, vai retirando armas ao nosso bem desenhado organismo!


Recentemente, foi divulgada uma hipotética ligação entre a vacina contra a gripe A (H1N1) e uma rara e grave doença neurológica, a síndrome de Guillain-Barré. Questionado recentemente por um jornal diário, o presidente da Associação Portuguesa dos Médicos de Saúde Pública, Mário Jorge Rêgo, admitiu que «as vacinas não estão isentas de riscos», adiantando que quase todas as vacinas e infecções podem causar essa síndrome, embora seja raro.


Estamos a ficar cada vez mais frágeis enquanto espécie natural, as nossas crianças são tratadas como doentes, mesmo que não o sejam, e é-lhes - frequantemente - negado o direito de brincar livremente na rua e com alguns brinquedos, em nome de uma saúde e higiene perfeitamente disparatadas.


Ainda temos direito de opção nesta vacina, pelo que pensemos bem antes de darmos mais um passo importante para a nossa saúde, pensemos bem e analisemos se o custo para a nossa saúde de tomarmos esta, mais uma, vacina, não é superior ao - hipotético - benefício.


Não será melhor "lutar" com um inimigo conhecido do que ter de recorrer a "armas" desconhecidas e cujas consequências ainda são, em parte, um mistério ?

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Saramago, Saramago...


Foi com algumas reticências que me decidi a comentar as últimas declarações do nosso Prémio Nobel a respeito da Bíblia, aquando do lançamento da sua última obra "Caím".


Algumas reticências porque acho que tudo isto não passa de uma vulgar manobra publicitária para arranjar mais fregueses para o livro, assim - enquanto falamos disto - estamos a ser parte activa nessa mesma manobra publicitária... No entanto, o assunto é tão badalado, que este blog não poderia deixar passar a ocasião !


Pronto, tenhamos em consideração que o Sr.Saramago já é velhote; é velhote mas não está "gágá" e sabe perfeitamente as repercussões que uma situação destas tem. É, de facto, um modo fácil, barato e expedito de atrair atenção... pega-se em algo sagrado para milhões de pessoas em todo o mundo e utiliza-se a nossa notoriedade pública, porque já ganhámos um ´"Nobelzito", para desatar a ofender toda a gente ! Garantido ! É ver os "predadores" dos media a divulgar as declarações bombásticas e toda a gente a comentar ! ... e o livrito a vender ! Ah pois, porque quem quer saber o que diz, com alguma propriedade, tem de ler para depois poder falar com conhecimento de causa ! Eu, pessoalmente, não tenciono ler e o que aqui se comenta são as observações do escritor relativamente à Bíblia e, acima de tudo, a atitude de alguém que se devia dar ao respeito; não só pela sua provecta idade, como também pela projecção que o facto de ser um premiado com um Nobel lhe dá !


A notoriedade pública acarreta uma responsabilidade acrescida, mas o Sr Saramago fez de tudo isso tábua rasa e usou essa mesma notoriedade como veículo para a ofensa fácil e despudorada.


Não se trata aqui de liberdade de expressão, como defendeu o poeta-(ex) deputado Manuel Alegre, alegando que "era só o que faltava" o Sr Saramago não poder dizer o que pensa... o que faltava - e falta - era mesmo o Sr Saramago saber comportar-se à altura da posição de destaque que tem. Não se trata de dizer o que pensa, trata-se sim - na sua essência - de saber dizer o que se pensa e saber pensar o que se diz ! Capacidade que, ao que parece, o Sr Saramago não tem.


Claro que toda a gente pode expressar o que pensa, mas sendo o Sr Saramago a afirmá-lo a coisa assume uma dimensão diferente, tal como a Maitê Proença a dizer mal de Portugal na TV não é o mesmo que um qualquer brasileiro a fazê-lo em privado.


Quer o Sr.Saramago goste ou não, a Bíblia é um livro sagrado para milhões de pessoas em todo o mundo. É uma obra metafórica, que deverá ser lida e analisada no devido contexto histórico-social. Ao ter uma abordagem literal dos textos, ao ofender de forma leviana, o Sr Saramago só se diminui porque revela não ter estatura suficiente para lidar com o assunto de forma digna e só se ridiculariza, porque não tem a capacidade de contextualização esperada de um Nobel da literatura. E nós? Nós lamentamos, e somos dados a condescender... condescendemos porque o senhor já tem uma certa idade, condescendemos porque percebemos que o senhor só quer vender mais uns livritos e condescendemos porque - felizmente - temos mais respeito pela liberdade de pensamento do Sr Saramago do que ele tem pela liberdade de pensamento dos milhões de pessoas que respeitam o sagrado, sendo ou não religiosos, sendo ou não católicos sendo ou não judeus.


É essa uma das grandes virtudes da liberdade, essa mesma liberdade que o Sr Saramago sempre apregoou como bandeira do seu discurso, a liberdade que nos responsabiliza pelo respeito pelos outros e por termos de garantir aos outros a mesma liberdade que queremos para nós.


Ele (Saramago) que tanto criticou Sousa Lara por ter censurado o seu livro "O Evangelho Segundo Jesus Cristo", com estas declarações, faz-nos pensar no que faria ele se tivesse poder politico e decisório !!! Ainda bem que o senhor só escreve !