quinta-feira, 1 de outubro de 2009

TANGO ... Patrimonio Mundial ! Fado Português !


O Tango passou ontem a ser Património Imaterial da Humanidade. A decisão da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), tomada durante uma convenção em Abu Dhabi, garante a protecção deste tipo de música e dança da zona do Rio da Prata, na América Latina.


Como resultado de uma candidatura conjunta da Argentina e do Uruguai, a UNESCO premiou este género músical e de dança, ambos os países já apresentaram projectos com investimentos na ordem de 1.000.000,00 USD.


Parabéns à Argentina e Uruguai !


Parece que Portugal anda a preparar uma candidatura semelhante para o Fado... o que é bom ! Mas, mais uma vez, estamos a preparar ...


O Fado para além de ser uma forma músical única, assume-se fortemente como expoente da entidade cultural lusitana que, ao contrário do Tango, não é facilmente assimilado por outras culturas. Não só porque assenta, em muito, na riqueza poética das letras (não falando do "fado vadio"...), como também porque reflecte uma forma única de olhar para a vida, para o quotidiano e de reagir a ambos.


Cada cultura é una e singular, mas a nossa é especial. Esta forma fatalista de ser sem caírmos na desgraça carpideira, esta saudade eterna sem que nos suicidemos em massa, esta dor permanente que nos mata por dentro e nos corrói mas que nunca nos mata ! Isto nunca há-de ser percebido por ninguém no mundo !


A UNESCO poderá "galardoar" o Fado e elevá-lo a Patrimonio Imaterial da Humanidade (esperemos que sim ... um dia !) mas nunca ninguém perceberá o que aquilo é ... ouvirão a música e descortinarão as influências árabes da melodia, perceberão que é triste, aperceber-se-ão da sua força, admirarão a mestria dos instrumentistas a dedilhar a guitarra portuguesa ... mas nunca lhe sentirão a alma.


Por muito orgulho que possamos sentir de tudo isto... asseguro-vos que tal não é coisa boa. Não é coisa boa porque estas caracteristicas de "blindagem cultural" prejudicam a expansão e divulgação da nossa cultura e, consequentemente, a nossa esfera de influência na cena internacional.


Por outro lado, uma eventual candidatura do Fado à UNESCO, infelizmente, não disfarçaria o nosso complexo de inferioridade cultural, o mesmo complexo que nos impede de forçar (sim forçar) a nossa cultura nos sistemas de ensino dos PALOP, o mesmo complexo que permite que França, Africa do Sul, Australia, tenham Centros Culturais avançadissimos e bem equipados em países de Lingua Oficial Portuguesa onde os nossos Centros Cultrurais, mais parecem ginásios (de tão vazios...) e onde mal se consegue encontrar uma edição do semanário Expresso da semana anterior. O mesmo complexo que nos impede de aprender com os nossos vizinhos espanhóis a forma brilhante como divulgam a sua lingua, literatura e cultura pelo mundo fora através do Instituto Cervantes.


É esse complexo, esse fado (??) que nos encolhe e nos diminui sem razão nenhuma !


Agora, com o despontar de novas abordagens ao fado como Marisa, Mafalda Arnauth, projectos como Amália Hoje, etc... pode ser que agora o orgulho renasça e percamos, definitivamente, a vergonha de ser quem somos e como somos... porque não somos menos que os outros !


Sem rosa na boca mas de xaile às costas, somos nós ... orgulhosamente! Sem complexos.

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