segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Mais um ciclo que começa.


Agora, contados que estão os votos das eleições autárquicas, constatam-se 52 alterações partidárias na gestão autárquica ao nível das Câmaras Municipais, tendo sido reduzida de 49 para 7 a diferença do número de Municípios liderados pelos 2 maiores partidos, PS e PSD. O PS foi o grande vencedor deste ciclo eleitoral… porque nas eleições europeias, tendo ficado em 2º lugar, a diferença de votos não é, de facto, substantiva, designadamente, se pensarmos na motivação dos eleitores e na taxa de abstenção… No que às autarquicas diz respeito, volta a ganhar o PS com mais 20 Câmaras eleitas e o maior número de votos… Quem perdeu foi, mesmo, o PSD que, apesar da vitória das europeias, teve uma fraca votação nacional nas legislativas e perde 19 Câmaras Municipais.


É este resumo/análise matemática, crua e dura que se pode fazer deste ciclo eleitoral e no bailado dos comentários e dos comentadores e analistas políticos verificamos que o enfoque partidário continua a ser forte.


Se por um lado podemos afirmar com convicção que (com excepção das grandes Camaras Municipais) os votos são dados aos candidatos, explicando os resultados como os de Macário Correia em Faro, tendo o PSD perdido Tavira e o de Isaltino Morais que, sem apoio partidário e a braços com a justiça, arranca uma folgada victória em Oeiras; por outro lado assiste-se à derrota devastadora de Fátima Felgueiras que, sem a máquina partidária atrás de si, perde descaradamente as eleições.


Desde que foi tornada possível a eleição de candidatos independentes, pensou-se que - dado o carácter de proximidade entre eleitos e eleitores - as candidaturas independentes iriam proliferar nas autarquias mas, incrivelmente, nada disso se passou. Assistiu-se mesmo, a um ténue número de canditaturas independentes e, salvo raras e explicáveis excepções, os resultados de candidaturas independentes têm uma expressão residual no panorama autárquico nacional.


Assim, a conclusão que se pode retirar é que, apesar de nas autarquias e freguesias a proximidade e conhecimento (muitas vezes pessoal) dos candidatos ser decisiva na decisão de voto dos eleitores, baseando - tantas vezes - essa mesma decisão mais em factores de carácter do que de competência ou de conteúdo programático... apesar disto, o cunho partidário continua a ter uma importância decisiva na política autarquica. E tem-no por várias razões: Pela máquina de propaganda que disponibiliza aos candidatos, pelo efeito galvanizador que a "marca" dos partidos desenvolve, como também pelo efeito de pertença nacional que faz com que a victoria de um cadidato da freguesia mais recondita do país, seja mais uma victoria do partido a que pertence contribuindo, deste modo, para a estatística nacional.


Quando os líderes partidarios sobem ao palanque para efectuar os seus discursos de análise dos resultados, todos sabem que a victoria ou derrota está muito ligada à individualidade de cada autarca, mas sabem também que a máquina partidária, e aquilo que isso representa, continua a ter uma importância decisiva na escolha do voto.


Continuamos a ter um sistema político partidarizado, apesar de vazio de ideais diferenciadores; continuamos a olhar mais para os partidos como um valor absoluto, esquecendo-nos daquilo que representam; continuamos a reparar mais nas cores do que nos conteúdos ...


Se assim é, aceitemos que somos assim e lidemos com isso! Acabado mais um ciclo eleitoral é neste panorama que teremos de viver por mais uns anos... unamo-nos, cerremos fileiras e atiremo-nos ao futuro com unhas e dentes, porque - ao contrário da selecção nacional de futebol em fase de apuramento para o mundial - SÓ DEPENDEMOS DE NÓS ... por isso, venham eles !

2 comentários:

  1. Repara numa outra coisa extremamente interessante... ganharam os partidos todos!!!
    Isto é mesmo excelente, faz-se uma campanha, onde se trata de tudo menos do que realmente nos deveria preocupar, a malta vai lá e vota e depois no fim estão todos contentes porque ganharam todos!!!
    Acho que sim!!!
    Deve ser por causa da asfixia... ou então da falta dela...

    ResponderEliminar
  2. Pois é como dizes, principalmente nas pequenas autarquias, o conhecimento pessoal e a "simpatia" dos candidatos tem uma influencia decisiva na votação final e assim, muitas vezes vence o menos habilitado para o cargo, só porque é mais simpático que o outro.
    Vivemos num país democrático em que a minoria tem que se submeter à minoria mas, o pior é quando essa minoria não sabe o que quer e vota só pela simpatia muita vezes mostrada apenas na recta final da campanha.

    ResponderEliminar